'Lugar de mulher': profissionais do interior de SP contam como é trabalhar em áreas onde homens ainda são maioria




Luciana Alves Paulino é motorista de caminhão de coleta de óleo em uma empresa de soluções ambientais de Lençóis Paulista. Dos 20 pilotos de Vant em uma usina de Barra Bonita, Giulia Maglia é uma das duas mulheres que desempenham a função. “Lugar de mulher é onde ela quiser” é uma das frases mais ditas e representativas da luta das mulheres pelo espaço e representatividade na sociedade, especialmente nas diferentes áreas de trabalho.
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Apesar dessa ideia tão difundida, ainda existem muitas funções onde a maioria dos profissionais é formada por homens e as poucas mulheres que estão ganhando espaço se destacam, entre muitos aspectos, pela quebra de paradigmas.
Quando começou a trabalhar em uma empresa de soluções ambientais que fica em Lençóis Paulista há três anos, a motorista de caminhão Luciana Alves Paulino era uma novidade na função, hoje ela ajuda no treinamento de outras mulheres na área.
Elas ainda são poucas, dos 651 funcionários que atuam como motoristas coletores, apenas 17 são mulheres. Aos 42 anos, a Luciana trabalha como motorista coletora de óleo lubrificante. Ela percorre cerca de 4 mil quilômetros por mês dirigindo um caminhão para coletar esse resíduo que é classificado como perigoso.
Luciana trabalha há 3 anos como motorista de caminhão coletor em uma empresa de Lençóis Paulista
Arquivo pessoal
Para conseguir essa oportunidade de emprego depois de ter trabalhado na venda de lubrificantes, a Luciana conta, em entrevista ao g1, que precisou mudar a categoria da Carteira Nacional de Habilitação.
“Eu nunca havia trabalhado de caminhão, nada. Tinha habilitação, rodava toda a região aqui de Bauru, região de Ribeirão Preto, mas caminhão nunca havia dirigido. Mudei a letra da minha carta e já estou há três anos, peguei gosto. É muito prazeroso, é muito gostoso, rodar o dia todo, cada hora em um lugar.”
Rodando pelo interior de SP, ela acredita que hoje é mais comum ver mulheres no volante dos caminhões, mas ainda há muito espaço e respeito a ser conquistado.
“É um desafio diário, você tem que estar sempre provando a sua capacidade, tem a galera que às vezes não acredita no potencial na capacidade da mulher, então é desafiador dia a dia, quando eu entrei como motorista, lá na região de Ribeirão Preto, eu fui uma novidade. O pessoal sempre com o pé atrás. ‘Será que ela vai dar conta quando vai manobrar essas coisas?’ Mas tirei de letra também.”
“Hoje vejo que me olham com outros olhos, o respeito é muito maior, porque eu mostrei e não precisei me impor, fui fazendo o meu trabalho, a minha rotina, minha dedicação e acabei ganhando o meu espaço e isso é muito gratificante.”
O céu é o limite
Giulia se formou no curso de aviação civil
Arquivo pessoal
A paixão da Giulia Maglia pela aviação vem de família. O avô era piloto comercial e o pai um grande admirador da aviação. Com essa marca no DNA, ela escolheu a aviação com profissão e se formou no curso de aviação civil.
“Meu maior incentivo foi o fato de meu avô ser piloto privado e meu pai adorar a aviação. Depois que tive o primeiro contato com a profissão, descobri por mim mesma que a aviação é sinônimo de liberdade. Voar é uma paixão.”
Atualmente, o céu ainda faz parte do seu ambiente de trabalho, mas de uma forma diferente. Ela é uma das duas mulheres que integram a equipe de 20 pilotos de Vants – Veículo Aéreo Não Tripulado – que é semelhante aos drones, em uma usina de Barra Bonita.
Como ela já tinha formação na área e o certificado como piloto pelo Aeroclube de Itápolis, além de ter estagiado na Agência Nacional de Aviação (Anac), a migração para a operação de Vant foi natural.
“Os Vants são muito semelhantes aos aviões em questões de aerodinâmica, estrutura e na necessidade do conhecimento sobre clima, tomada de decisão, entre outros fatores da aviação, o que me possibilitou permanecer próxima das minhas origens na profissão que escolhi inicialmente”, explica.
Mas assim como Luciana, ela vê como desafiadora a oportunidade de atuar em uma área ainda predominantemente masculina.
“Algumas pessoas possuem preconceitos de que as mulheres não deveriam exercer certas atividades, mas isso deve servir apenas como combustível para mostrar o quanto somos capazes de vencer qualquer obstáculo e ocupar nosso espaço. Já ouvi de pessoas que não conseguiria, mas olhar para trás e ver o quanto evoluí é muito satisfatório.”
“Quando comecei, sentia medo de estar sozinha no campo, mas com o passar do tempo, percebi que é muito tranquilo e que qualquer coisa que aconteça, temos a quem recorrer, seja através do rádio comunicador ou chamando ajuda da equipe. Além disso, me senti muito acolhida pela minha equipe e pela empresa, que preza pela contratação de mulheres para desenvolver trabalhos que, até então, eram considerados mais voltados para o público masculino”, completa.
A área que a Giulia atua está em crescente desenvolvimento e foi tema de uma reportagem exibida na TV TEM no último dia 2 de março. (Reveja a reportagem abaixo).
Qualificação faz a diferença na profissão de piloto de drone ou vante
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Fonte: G1

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