Dólar abre em baixa após decisão de juros nos EUA e melhora na perspectiva de crédito do Brasil
Na terça-feira, a moeda norte-americana avançou 1,52%, cotada a R$ 5,1927. Já o principal índice acionário da bolsa de valores fechou em queda de 1,12%, aos 125.924 pontos. Dólar
Karolina Grabowska/Pexels
O dólar abriu em baixa nesta quinta-feira (2), após a decisão de juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na véspera.
A instituição manteve as taxas básicas do país inalteradas, entre 5,25% e 5,50%. O resultado já era amplamente esperado pelo mercado, mas as atenções se voltaram para o comunicado divulgado pelo Fed logo após a reunião.
Segundo o documento, não há previsão de novos aumentos nos juros, o que reflete positivamente nos mercados. No entanto, o mercado acredita que início do corte nas taxas deve ocorrer apenas em setembro, depois do Fed afirmar que não conseguiu progredir com o objetivo de trazer a inflação americana à meta de 2% ao ano.
Além disso, o mercado repercute, também, a mudança de perspectiva da avaliação de crédito do Brasil de “estável” para “positiva” pela agência de classificação de riscos Moody’s.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às 9h, o dólar operava em queda de 0,61%, cotado a R$ 5,1609. Veja mais cotações.
Na terça-feira, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,52%, vendida a R$ 5,1927.
Com o resultado, acumulou:
avanço de 1,49% na semana;
alta de 3,54% no mês;
ganho de 7,01% no ano.
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou com um recuo de 1,12%, aos 125.924 pontos.
Na terça-feira, o índice teve um recuo de 1,12%, aos 125.924 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,48% na semana;
recuo de 1,70% no mês;
perdas de 6,16% no ano.
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O que está mexendo com os mercados?
No primeiro pregão do mercado brasileiro após a decisão de política monetária do Fed, investidores repercutem, sobretudo, o comunicado do Comitê, que enfatizou a cautela com a inflação.
“Nos últimos meses, não houve novos progressos em direção ao objetivo de inflação de 2%”, informou o colegiado, reforçando que os indicadores recentes da economia norte-americana continuaram se expandindo “em um ritmo sólido”.
A inflação anual nos Estados Unidos está estagnada na casa dos 3%, depois de disparar ao longo de 2022 e atingir um nível recorde de 9%. Apesar da queda, o indicador de preços não voltou para dentro da meta do Fed, que é de 2% ao ano.
Portanto, a instituição continua mandando sinais para o mercado de que os juros na maior economia do mundo podem demorar mais para cair. De acordo com a ferramenta FedWatch, que reúne as projeções do mercado para as taxas de juros nos Estados Unidos, um ciclo de corte nas taxas só deve começar em setembro – ou até depois disso.
No entanto, o Fed sinalizou, também, que não planeja novos aumentos para os juros, o que é benéfico para o mercado.
Com a divulgação dos dados, as taxas dos Treasuries de 10 anos, referência global para investimentos, mostraram uma queda ainda maior, e especialistas indicaram que a chance de o Fed começar a cortar os juros em setembro ficou no radar.
Juros mais altos nos EUA acabam levando investimentos para dentro da maior economia do mundo, o que retira dinheiro de outros mercados, principalmente os emergentes, caso do Brasil.
Ainda sobre o cenário de juros, agora investidores, por aqui, aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, que será anunciada no dia 8 de maio. Apesar de o Copom ter sinalizado na última reunião que faria mais um corte de 0,50 ponto percentual na próxima quarta, analistas entendem que a promessa pode ser descumprida.
Além do efeito dos juros americanos na economia brasileira, houve uma piora no quadro de riscos desde que o governo federal anunciou a mudança da meta fiscal para os próximos anos. Para 2025, o governo propôs uma meta fiscal zero, em vez de um superávit de 0,5% do PIB, e redução também para os próximos anos.
A decisão acabou sendo encarada pelo mercado como uma derrota da equipe econômica, que chegou a defender inicialmente pelo menos um superávit primário de 0,25% do PIB. Também foi interpretado que a decisão abre espaço para mais gastos e menor controle da dívida, o que demanda juros mais altos para que investidores estrangeiros considerem o país atraente.
Além disso, o Banco Central monitora a força do mercado de trabalho. Economistas entendem que um contingente menor de desempregados e aumento da renda sem ganhos de produtividade podem gerar pressão na inflação.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego foi de 7,9% no trimestre encerrado em março. Houve uma alta de 0,5 ponto percentual contra o trimestre anterior, mas é o melhor resultado para um primeiro trimestre desde 2014.
Já os dados do Ministério do Trabalho e do Emprego mostram que o Brasil criou 244,3 mil empregos formais em março, alta de 25,7% contra o mesmo mês do ano passado. Foi a maior geração de vagas com carteira assinada para um mês de março desde o início da série histórica do novo Caged, em 2020.
O Senado aprovou na terça-feira o projeto que reduz a quantidade de empresas beneficiadas pelo Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). O texto não sofreu mudanças em relação ao que foi votado pelos deputados e seguirá para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O governo queria o fim do projeto, mas teve que negociar com o Congresso, que defendia a continuidade. O número de setores contemplados, atualmente 44, cairá para 30, de acordo com o projeto.
Após acordo entre a equipe econômica e líderes da Câmara, foi possível estipular um limite de gasto de R$ 15 bilhões com as isenções fiscais até 2026. A duração do programa será, portanto, limitada de duas formas: ao atingir o valor de R$ 15 bilhões ou ao chegar em dezembro de 2026.
Fonte: G1