Aumento nos casos de dengue preocupa cidades do centro-oeste paulista
Em Botucatu (SP), a alta foi de mais de 5.000% de janeiro de 2023 para os 20 primeiros dias de 2024. No sábado (20), Brasil recebeu primeiro lote de vacinas contra a dengue para aplicação pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mosquito Aedes aegypti é responsável pela transmissão da dengue
Lauren Bishop
O crescente número de casos de dengue registrados nas primeiras semanas de 2024 em cidades do centro-oeste paulista preocupa as autoridades de saúde. Em Botucatu (SP), a alta foi de mais de 5.000% de janeiro de 2023 para os 20 primeiros dias de 2024.
Considerada pelo Ministério da Saúde (MinSaúde) como a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil, a dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
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O período do ano com maior transmissão é justamente nos meses mais chuvosos de cada região, geralmente de novembro a maio, e, portanto, o alerta é para o combate ao mosquito. Água parada é o principal foco, e os ovos do mosquito podem sobreviver por um ano no ambiente.
Botucatu
Em Botucatu (SP), os casos de dengue cresceram consideravelmente. Até a última sexta-feira (19), o município confirmou 286 casos da doença.
Em janeiro de 2023, a cidade registrou apenas cinco casos no total, representando um aumento de mais de 5.000% de um ano para o outro.
No último domingo (21), cerca de 120 servidores de diversas Secretarias da Prefeitura de Botucatu realizaram, em apoio da Vigilância Ambiental em Saúde, uma ação de bloqueio de criadouros do mosquito Aedes aegypti na região Leste da cidade.
As visitas ocorreram nos bairros Jardim Vista Linda, Jardim Ciranda, Jardim Alvorada e Conjunto Habitacional Antônio Hermínio Delevedove (Cohab 4).
Brasil registra recorde de casos de dengue.
TV Globo/Reprodução
Bauru
Em Bauru (SP), maior cidade do centro-oeste paulista, os números são menores, mas também preocupam as autoridades.
Segundo o último boletim epidemiológico divulgado, 20 casos autóctones foram registrados nos 15 primeiros dias do ano, além de outros 70 casos suspeitos. Um óbito segue em investigação. Durante o mês de janeiro de 2023, Bauru registrou, ao todo, 66 casos autóctones de dengue.
Mesmo com os números menores em comparação com o ano passado, por conta da maior epidemia de dengue da história de Bauru vívida em 2019, onde 26 mil casos foram confirmados e 39 mortes pela doença, medidas já começaram a ser tomadas pelas autoridades para evitar que o caso se repita.
Dentre elas, está a instalação de 528 armadilhas para monitoramento do mosquito Aedes aegypti. O município implantou armadilhas até o final do mês em todas as regiões da cidade.
Prefeitura de Bauru instalou armadilhas contra o mosquito transmissor da dengue
Divulgação
As armadilhas “Mosquitrap” atraem as fêmeas grávidas do inseto através de um chamativo sintético de oviposição (para a fêmea expelir os ovos) presente no interior da armadilha. Ao entrar, a fêmea fica presa no adesivo fixado em seu interior, o que facilita a posterior coleta para monitoramento.
De acordo com a Prefeitura, o trabalho é realizado pelos agentes de combate às endemias, que já monitoram, semanalmente e em tempo real, as 200 armadilhas instaladas desde o início do ano passado.
Marília
Em Marília (SP), nas duas primeiras semanas do ano, de 1º a 13 de janeiro, foram registrados 62 casos positivos de dengue. No mesmo período de 2023 foram 38 casos .
Com o aumento de 63,16% na comparação entre os dois anos, a prefeitura elaborou um novo Plano de Contingência Municipal para Arboviroses (dengue, zika e chikungunya) em 2024.
De acordo com a administração municipal, todos os enfermeiros da rede passarão por reunião preparatória e de capacitação já na próxima terça-feira (23). Para fevereiro haverá outra capacitação, sobre manejo clínico da dengue para profissionais de Saúde da rede de Atenção Básica, com convite estendido também aos profissionais dos serviços de urgência municipal (UPA e PA).
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Vacina
O Brasil recebeu no sábado (20) o primeiro lote de vacinas contra a dengue para aplicação pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O anúncio foi feito neste domingo (21) pelo Ministério da Saúde. A remessa contém 750 mil doses doadas pelo laboratório japonês Takeda.
Segundo o governo, as primeiras doses serão destinadas para adolescentes de 10 a 14 anos que moram em cidades com mais de 100 mil habitantes. A definição do público que receberá as doses leva em conta taxas de transmissão.
O número de casos de dengue nas duas primeiras semanas de 2024 foi mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde. Foram 55,8 mil casos prováveis. Seis pessoas morreram por complicações da doença.
Brasil registra mais de 55 mil casos de dengue em 2024
Inicialmente, o governo afirmou que seria priorizada a vacinação de crianças e jovens entre 6 e 14 anos, mas em comunicado divulgado neste domingo o Ministério da Saúde informou que o público-alvo da primeira remessa será de indivíduos entre 10 e 14 anos.
“A faixa etária de 10 a 14 anos se encontra dentro do que recomendou a OMS e é também aquela em que ocorre o maior número de hospitalizações”, declarou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
O governo brasileiro adquiriu 5,2 milhões de doses da vacina, limite estabelecido pela farmacêutica Takeda neste ano de acordo com sua possibilidade de entrega. O primeiro lote das vacinas compradas será de 570 mil doses e chegará ao país em fevereiro.
A estimativa do governo é de que cerca de 3,2 milhões de pessoas serão vacinadas em 2024.
Frascos de teste da vacina contra a Dengue da Takeda.
TAKEDA/Divulgação
O que é a Qdenga e como ela age?
A Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. O registro do imunizante foi aprovado pela Anvisa em março de 2023.
A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue. Por isso, ela induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.
Quem pode se vacinar com a Qdenga?
De acordo com a Anvisa, a Qdenga é indicada para pessoas de 4 a 60 anos. Não foram feitos estudos para avaliar a eficácia da vacina em pessoas com mais de 60 anos.
Além disso, podem se vacinar com a Qdenga tanto quem já teve dengue, quanto quem nunca foi infectado. Essa é a primeira vacina liberada no país para pessoas que nunca entraram em contato com o vírus da dengue.
Mas não podem ser imunizados com a vacina quem tem alergia a algum dos componentes, quem tem o sistema imunológico comprometido ou alguma condição imunossupressora, ou gestantes e lactantes.
A Qdenga vai ser aplicada de graça?
Desde a aprovação pela Anvisa em março de 2023, clínicas particulares passaram a disponibilizar a vacina Qdenga para seus consumidores.
Agora, o imunizante do laboratório Takeda Pharma passa a integrar também o PNI, que reúne as vacinas aplicadas gratuitamente pelo SUS.
A Qdenga tem efeitos colaterais?
Os estudos clínicos mostraram que pode haver reações, geralmente, dentro de dois dias após a injeção. As reações registradas foram de gravidade leve a moderada e duraram de 1 a 3 dias.
🚨 Atenção: essas reações NÃO tornam o imunizante contraindicado se aplicado no público correto.
Foram relatadas com maior frequência:
dor no local da injeção (50%);
dor de cabeça (35%);
dor muscular (31%);
vermelhidão no local de injeção (27%);
mal-estar (24%);
fraqueza (20%); e
febre (11%).
As reações são menos frequentes após a segunda dose da Qdenga.
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Fonte: G1