Caso Hacker: comissão da Câmara ouve vítimas de suposto ataque cibernético ordenado por cunhado da prefeita de Bauru
Comissão Temporária CT apura se, em 2021, Walmir Braga, cunhado da prefeita da cidade, Suéllen Rosim (PSD), teria contratado o hacker para invadir as redes sociais de políticos e monitorar adversários políticos. Jornalista Nelson Itaberá e vereadora Estela Almagro prestaram depoimento à Câmara de Bauru sobre suposto ataque hacker
Arquivo Pessoal
A Comissão Temporária (CT), aberta pela Câmara Municipal de Bauru (SP), ouviu o depoimento, nesta quarta-feira (28), de duas vítimas de um suposto ataque cibernético a mando de Walmir Braga, cunhado da Prefeita da cidade, Suéllen Rosim (PSD).
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Em depoimento à comissão, a vereadora Estela Almagro (PT) e o jornalista Nelson Itaberá revelaram como ficaram sabendo do suposto ataque e contaram detalhes da relação deles com o hacker que teria sido contratado por Walmir Braga, que, além de cunhado da prefeita de Bauru, é ex-assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD).
Comissão da Câmara de Bauru ouve vítimas de suposto ataque de hacker
A CT apura se, em 2021, Walmir teria contratado o hacker para invadir as redes sociais de políticos e monitorar adversários políticos. O hacker em questão é Patrick César da Silva Brito, que chegou a ser preso na Sérvia após ter sido detido pela Interpol, mas foi solto no fim do ano passado.
Patrick passou a ser investigado depois que o e-mail de Dilador Borges (PSDB), prefeito de Araçatuba (SP), foi invadido, em dezembro de 2020.
Em nota, a Prefeita Suéllen Rosin disse que não possui ligação alguma com o assunto, e não tem o que manifestar a respeito.
Já Walmir Braga afirmou que não teve ciência de quaisquer novas movimentações da Câmara quanto a ele e que reitera inocência com relação a todas as acusações. Ele ainda pontuou que não foi intimado de qualquer procedimento formal que tenha por finalidade apurar qualquer fato.
Depoimentos
O primeiro a depor foi o jornalista Nelson Itaberá, que contou ter sido contatado pelo hacker em agosto de 2022.
Na ocasião, Nelson afirma que Patrick, anonimamente, pediu proteção ao jornalista com a publicação de uma reportagem que o ajudasse, já que ele era investigado pela Polícia Civil de Araçatuba. Em contrapartida, o hacker passaria informações confidenciais de membros da prefeitura de Bauru. O jornalista afirma que, prontamente, recusou a proposta.
Nelson contou à Comissão da Câmara que levou a história do hacker ao gabinete da prefeita Suéllen Rosim, em janeiro de 2023, mas, segundo ele, o pessoal da prefeita já sabia da história.
Walmir é assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD) e cunhado da prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (PSD)
Arquivo Pessoal
No depoimento, ele também revelou que teve acesso a conversas entre o hacker e pessoas ligadas ao núcleo político de Suéllen, inclusive com fotos que sugeririam o pagamento do serviço. As fotos não foram apresentadas.
Por fim, o jornalista contou que o hacker mantinha contato com um policial da Divisão Especializada de Investigações Criminais de Araçatuba (Deic) de Araçatuba.
Na sequência, foi a vez da vereadora Estela Almagro contar detalhes sobre a suposta atuação do hacker contra ela. Segundo a parlamentar, ela teve uma rede social invadida em janeiro de 2022, sendo impedida de acessá-la. De acordo com a vereadora, todas as fotos e mensagens que ela mantinha na rede foram excluídas durante o ataque hacker.
Após entrar com uma ação contra o Facebook, a vereadora afirma que teve o acesso à rede social retomado cerca de seis meses depois. A parlamentar afirmou ainda à Comissão que esse ataque teve motivação política, feito a pedido de Suéllen Rosim, já que o mandante seria o cunhado dela.
Hacker Patrick César da Silva Brito, de Araçatuba (SP), foi preso na Sérvia
Reprodução
Próximos passos
A CT tem duração de 90 dias, com término previsto para o próximo dia 6 de março. No entanto, os membros da comissão querem estendê-la por mais 30 dias.
Durante os trabalhos, o hacker Patrick, o assessor do gabinete da prefeita, Leonardo Marcari, além das supostas vítimas do ataque cibernético prestaram depoimentos. A prefeita Suéllen Rosim e o cunhado dela, Walmir Braga, foram convocados a depor, mas não compareceram.
De acordo com os membros da comissão, a justificativa para a extensão se deve a um comunicado emitido por Walmir Braga, onde ele afirma conhecer o hacker, que teve contato com ele, mas por outros motivos.
Na nota, ele justifica que foi procurado por Patrick após ataques sofridos nas redes sociais pela esposa, irmã da prefeita de Bauru. Ele contou que o hacker ofereceu serviços cibernéticos para apurar os ataques contra ela.
Walmir Braga é ex-assessor parlamentar do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD)
Reprodução
Walmir afirmou ainda que achava que era um serviço legal, que não teria nenhum problema, mas que depois descobriu que o hacker tinha métodos ilegais pra realizar esse trabalho e encerrou a negociação.
A comissão não acredita nessa versão e, por isso, irá encaminhar um oficio para o Ministério Público (MP) e para a Polícia Civil para descobrir mais informações sobre esses ataques à esposa de Walmir. Eles querem ter acesso ao boletim de ocorrência, que, segundo Walmir, teriam sido feitos à época sobre as ameaças.
Além disso, os vereadores da Comissão pretendem enviar outro ofício ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) para investigar uma possível organização criminosa.
Os vereadores da comissão acreditam que há uma ligação entre os membros do núcleo político da prefeita da cidade na organização da invasão a adversários políticos. Esse será o segundo pedido ao Gaeco, que negou o primeiro pedido de abertura de investigação.
Por fim, os vereadores da CT pretendem convocar novamente todos os envolvidos para novos depoimentos, incluindo a prefeita Suéllen Rosim e o cunhado dela, Walmir Braga.
Hacker contratado?
O hacker Patrick César da Silva Brito é investigado por supostamente ter invadido redes sociais de políticos de Bauru.
Em depoimento à Câmara de Vereadores de Bauru, o hacker confirmou ter invadido as redes sociais da Vereadora Estela Almagro (PT) e do jornalista Nelson Itaberá, a mando de Walmir Braga.
Hacker confirma invasão de redes sociais de vereadora a mando de cunhado da prefeita
A declaração foi feita durante uma sessão da Comissão Temporária (CT) aberta no legislativo para investigar o caso.
“ O Walmir entrou em contato comigo explicou que era cunhado da prefeita de Bauru e que tinha mostrado o material que eu tinha enviado para ele por e-mail para a prefeita e que ela tinha gostado muito. E ele pediu para que eu hackeasse a Estela (vereadora)”, disse Patrick durante o depoimento.
Ele confirmou que derrubou as redes sociais da parlamentar e que chegou a especular com Walmir sobre fazer o mesmo com outros vereadores e até com o vice-prefeito Orlando Costas Dias, mas que não prosseguiu com a invasão.
Entenda o caso
A Comissão de Fiscalização e Justiça da Câmara de Vereadores de Bauru (SP) protocolou em outubro de 2023 um pedido de apuração da conduta do até então assessor parlamentar Walmir Braga.
Segundo o documento enviado à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), em 2021, ele teria contratado Patrick para invadir as redes sociais de políticos e adversários.
O caso também está sendo investigado pelo Ministério Público, mas corre em segredo de Justiça e Walmir foi exonerado após as denúncias.
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Fonte: G1