Combate a trabalho escravo e compromissos ambientais: pecuaristas aderem a projeto que busca frear desmate no Cerrado




Grandes frigoríficos e grupos varejistas devem seguir regras de práticas socioambientais na criação de gado. Os índices de desmatamento no Cerrado estão em alta nos últimos meses. Área desmatada no Cerrado
Jornal Nacional/ Reprodução
O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) lançou nesta terça-feira (23) o Protocolo de Monitoramento Voluntário de Fornecedores de Gado do Cerrado, bioma que vem registrando crescentes taxas de desmate nos últimos meses.
O projeto define compromissos ambientais para a pecuária no bioma elencando um conjunto de regras feitas por várias organizações para ajudar os fazendeiros a desenvolverem práticas socioambientais na criação de gado.
Desde 2020, o Protocolo tem sido desenvolvido por um trabalho conjunto das organizações Proforest, Imaflora e National Wildlife Federation (NWF).
Grandes frigoríficos e grupos varejistas alimentares do país – JBS, Minerva, Marfrig, Frigol, Masterboi, Grupo Pão de Açúcar, Carrefour Brasil e Arcos Dourados – já aderiram à iniciativa, que recebeu contribuições do WWF Brasil, empresas de alimentos, compradores, do Ministério Público Federal, associações pecuárias e membros da sociedade civil.
“O Protocolo do Cerrado é uma importante ferramenta para o setor se preparar para as crescentes demandas do mercado para a carne brasileira. É resultado de uma ampla convergência entre varejistas, frigoríficos e sociedade civil para equilibrar os anseios de proteção dos recursos naturais e dos direitos humanos em relação às realidades da produção no campo”, disse Isabella Freire, diretora executiva da Proforest, em um comunicado.
Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), no Cerrado, a taxa de desmatamento no primeiro trimestre deste ano atingiu seu pico desde 2019. Comparado a 2023, houve um aumento de 4,1%, com uma área desmatada de 1.476 km² de janeiro a março de 2024, em comparação com os 1.417 km² desmatados no mesmo período do ano anterior.
O Governo Federal atribui esse aumento do desmatamento no Cerrado à política de exploração do solo na região que abrange esse bioma.
Como vai funcionar o projeto
O Protocolo do Cerrado estabelece diversas regras para os produtores, para garantir que eles estão cadastrados corretamente e não desmatando áreas protegidas:
Ele leva em conta se há denúncias de trabalho escravo ou embargos ambientais, e verifica se os animais são transportados legalmente.
Embora não conceda um selo oficial, o Protocolo ajuda a melhorar como a cadeia de suprimentos é controlada e influencia as decisões de compra de produtos pecuários.
As informações dos participantes também serão disponibilizadas online para compradores e investidores, tornando tudo mais transparente.
Inspirado no “Boi na Linha” da Amazônia, iniciativa criada em 2019 pelo Imaflora, o Protocolo do Cerrado também busca soluções para a produção sustentável na região.
“Utilizamos os cinco anos de experiência para levar a outro bioma soluções que respaldam a produção frente aos mercados mais exigentes, ajudam a consolidar a prática da pecuária sustentável e contribuem para o enfrentamento da crise climática”, detalha o engenheiro agrônomo Lisandro Inakake, gerente de projetos em Cadeias Agropecuárias do Imaflora.
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Fonte: G1

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