Marília tem menor número de registro de nascimento desde 2015; especialistas explicam




Levantamento a partir de dados da Arpen, dos registros em cartórios do município, aponta 2.806 nascimentos em 2023, queda de 4,75% em relação ao ano anterior. Professor e pesquisador de demografia destaca que número médio de filhos por mulher vem caindo desde a década de 1970; tendência é mundial. Marília registra o menor número de nascimentos desde 2015
Agência Brasil/ arquivo
Um levantamento do g1 a partir de dados do Portal da Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), mostra que o número de registros de nascimentos em cartórios de Marília (SP) em 2023 foi o menor da série histórica desde 2015.
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Os 2.806 registros de 2023 representam queda de 4,75% em relação ao ano anterior, e consolidam um cenário que, segundo especialistas, vem desde a década de 1970, que é a queda do número médio de filhos por mulher – veja gráfico abaixo.
Entre os fatores que podem explicar essa redução no número de nascimento estão os seguintes:
Diminuição da fecundidade;
Adiamento dos planos para início da vida reprodutiva, ou de aumento da prole, como ter o segundo ou terceiro filho;
Diminuição do número de mulheres em idade fértil;
“Entendo que realmente existe uma mudança, um olhar mais cuidadoso sobre a gravidez. Deve-se lembrar que esse movimento existe também nos países desenvolvidos e parece ser uma regra geral”, pontua o professor José Remo Ferreira Brega, vice-diretor da Faculdade de Ciências (FC) da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Laqueadura
Outro ponto que pode impactar nos dados nos próximos anos tem relação com a atualização da lei do planejamento familiar, que começou a valer em março de 2023, e facilita o acesso à laqueadura.
A laqueadura é o procedimento de esterilização feito em pessoas com o aparelho reprodutor feminino. A cirurgia interrompe o caminho entre o ovário e o útero com o corte das trompas. Isso impede o contato do óvulo com o espermatozoide e, consequentemente, uma gravidez.
“Na década de 1960, cada mulher em idade reprodutiva, entre 15 e 49 anos, tinha, em média, seis filhos. Agora a média é de 1,7 filho. Considerando que o nível de reposição da população seria de 2,1 filhos por casal, isso indica que ao longo da próxima década o Brasil deve iniciar um processo de diminuição do volume da população”, explicou Roberto Luiz do Carmo, professor de demografia e pesquisador do Nepo, da Unicamp.
📘 Veja o que mudou com a atualização da lei do planejamento familiar:
A idade mínima passou de 25 para 21 anos;
Quem tem pelo menos 2 filhos vivos também está autorizado, independentemente da idade;
Foi dispensada a autorização do cônjuge para realizar a cirurgia;
Pessoas sem filhos podem fazer a esterilização, desde que tenham a idade mínima;
Mães podem fazer laqueadura imediatamente após o parto;
É necessário esperar 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico.
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Fonte: G1

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