No Dia Mundial da Poesia, autor lança 'Litania', seu 10º livro, e descreve que o gênero exige enxergar a sensibilidade da rotina




Para Carlos Francisco Freixo, a arte busca a troca de experiências e a reflexão. Freixo celebra 20 anos de carreira como escritor em Presidente Prudente (SP)
Júlia Guimarães/g1
Fabrício Carpinejar já dizia que poeta não é aquele que escreve livros, mas o que lê pessoas. É aquele que tem o dom de saber encontrar o extraordinário na mesmice do dia a dia, onde tudo parece perdido e desinteressante e, de repente, consegue transformar as dores dos espinhos em flores. No Dia Mundial da Poesia, celebrado nesta quinta-feira (21), o escritor Carlos Francisco Freixo lança o décimo título de sua carreira, “Litania: O Amor não Precisa ser Barroco” (Editora Viseu), em Presidente Prudente (SP).
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Em 20 anos de carreira, o escritor luso-brasileiro, de 65 anos, sempre gostou de trabalhar com a língua portuguesa e a literatura, uma vez que considera a língua dinâmica e parte do processo de conhecimento.
“A língua é extremamente dinâmica e todo o nosso processo de conhecimento é, o tempo todo, dinâmico. Então, o dia de hoje, quando for amanhã, já é diferente. Sempre há novidades, sempre há frescor em cada trabalho, em cada ideia. É um pouco essa sensibilidade que eu procuro traduzir”, explicou ao g1.
Além disso, Freixo ressaltou que escrever o faz ver além do espaço que ele conhece.
“Sempre a emoção pega, sempre. A gente acaba sensibilizado e, principalmente, se torna gostoso quando compartilhamos isso com as pessoas, porque nós estamos num momento que parece que todo mundo está meio individualizado, todo mundo escondido. Quando, na verdade, a arte nos puxa exatamente para um sentido contrário, o do encontro, o de troca de experiências, de trazer sensibilidade, de trazer percepções. Porque, se a gente apenas ficar envolvido dentro do próprio espaço, é só esse espaço que a gente conhece, mas o mundo é imenso”, afirmou.
“Então, até uma das questões que talvez me inspire, é a rotina. Enquanto tem gente que reclama da rotina, para mim, a rotina é fascinante porque ela sempre traz um olhar, um tema, um acontecido, uma visão de um amigo, de uma pessoa…”, complementou Freixo.
E, para que todos possam ver a sensibilidade da rotina, o autor descreveu que é necessário ver além do ordinário.
“Agora, a gente precisa ter essa sensibilidade para ver que o dia seguinte sempre traz novidades. E não é a novidade por si, eu vejo mais da pessoa sentir que há alegria em muita coisa, só que essa percepção de mundo tem de ser nossa, pessoal. Essa percepção pessoal é que vai, realmente, encaminhar a gente para um destino interessante ou não”, explicou ao g1.
Freixo ainda informou que sua carreira na escrita começou com 11 anos de idade, quando queria ser compositor.
“Eu ouvia as músicas, pegava a melodia, fazia uma letra em cima, só que daquele período desapareceram todos os textos que, com o tempo, eu fui lendo, fui relendo, era muita coisa mal feita. Mas, aos 11 anos, o que poderia ter?”, relatou.
Assim, o poeta conceitua que a percepção da vida deve ser um exercício constante para aprimorar a sensibilidade.
“Se a gente exercitar que a vida está chata, você já tem uma certeza… Vai ser chata. No entanto, se você tem, diante da sua vida, problemas que vão aparecendo para você solucionar, isso abre possibilidades. E essa questão do escritor, do poeta, do compositor é um desafio muito grande porque sempre tem de ter frescor naquilo que ele fala. Sempre tem de trazer novidades, sempre tem de trazer um olhar diferente. Então, isso é um exercício permanente”, afirmou ao g1.
‘Litania’ é o décimo livro do poeta Carlos Francisco Freixo
Editora Viseu
Ladainha 📖
O autor informou ao g1 que chama o livro de “vivências que podem ser feitas”, uma vez que ressaltou que, o tempo todo, sempre tem algo interessante para se ver em todas as horas do dia.
Com 294 páginas e 218 poemas, a obra trata de amor “lírico, romântico, exagerado, verdadeiro e real”, que, segundo o poeta, é um tema muito pouco explorado, em tempos de guerra e intolerância de toda sorte.
“Assusta saber o que a vida quer da gente em tempo de agora. Os sentimentos viram prece, ladainha, litania. Talvez aí esteja a descoberta do Elixir da Vida”, trecho retirado da sinopse de “Litania: O Amor não Precisa ser Barroco”.
O escritor explicou que o contexto do livro está na caminhada do dia a dia, mesmo com os conflitos e expectativas criados por nós mesmos.
“Em ‘Litania’, que é sinônimo de ladainha, o amor não precisa ser barroco, ou seja, ele é para se viver sem conflito. Mas como se vive sem conflito? Buscando dar soluções ao que é possível. A gente não tem como resolver nada que seja impossível, mas o que é possível a gente vai resolvendo no dia a dia. Então, até esse subtítulo ‘o amor não precisa ser barroco’, é exatamente este contexto de que os problemas podem acontecer, mas a gente vai buscando soluções. É sempre mais animador quando a gente tem uma expectativa, agora é pé na estrada mesmo, é caminhada mesmo”, informou Freixo.
Neste Dia Mundial da Poesia, instituído na 30ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1999, o escritor espera que a obra toque os corações e mentes dos leitores.
“Sempre a gente acaba esperando um retorno, sim. Porque cada texto que a gente vai fazendo é com carinho, é com emoção, é com respeito, é com conhecimento, é com cuidado com a língua, é sempre um trabalho bem feito. A gente espera que toque, realmente, o coração, que toque a mente, que faça alguma reflexão”, afirmou Freixo.
“Não é todo texto que vai deixar emocionado de um jeito, mas pode colocar mais um pensamento para tomar um direcionamento na mente. Essas emoções vão percorrendo o tempo todo cada leitor. E, muitas vezes, um leitor vai ter uma percepção e outro tem outra, porque é o nosso trabalho da metáfora. Então, não é um texto científico, não é um texto jornalístico que quer aquela informação que não pode haver dúvida. Na literatura, você abre, exatamente, para o leitor ter a sua percepção a partir do que se procura transmitir”, explicou ao g1.
Sinopse do livro ‘Litania’, escrito pelo poeta Carlos Francisco Freixo
Editora Viseu
Freixo também definiu que, ao ler um livro, as pessoas gostam de ter uma identificação com aquilo que está sendo lido. Já ele, às vezes, gosta do contrário.
“Eu gosto de que alguém seja meio ‘do contra’ porque vai me fazer pensar mais e você tem mais reflexões para fazer porque toda verdade é relativa”, destacou ao g1.
Por fim, Freixo ressaltou que tem como definição de “toda verdade é relativa” a poesia de Carlos Drummond de Andrade, “A verdade dividida”, a qual diz que “Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. Nenhuma das duas era perfeitamente bela. E era preciso optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia”.
“É perfeito quando ele diz que a verdade vai se multiplicando e a verdade, até, está em função do momento. Às vezes, hoje, é essa verdade, mas amanhã já tem um outro olhar, um outro aspecto”, finalizou ao g1.
O novo livro de Freixo já pode ser encontrado nos formatos digital (e-book) ou físico, pela internet.
Publicado pela editora Viseu, o autor destacou que pretende realizar o lançamento físico da obra em um evento especial no mês de julho, em Presidente Prudente.
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Fonte: G1

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