Pretos e pardos são 55% da população, mas 69% dos que vivem sem esgoto adequado, segundo Censo 2022




Em relação à água, 72% dos não têm acesso considerado adequado se declaram desses grupos raciais , segundo dados divulgados nesta sexta (23) pelo IBGE. Pretos e pardos são 69% dos que vivem sem esgoto adequado, segundo Censo 2022
O Brasil tinha, em 2022, 49 milhões de pessoas vivendo em lares sem descarte adequado de esgoto, apontam dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (23).
Esse número equivale a 24% da população brasileira. Entre os pretos e pardos – grupos que compõem pouco mais da metade da população brasileira – o percentual sobe para 68,6%. Veja:
Pardos são 45,3% da população brasileira, e 58,1% dos sem esgoto adequado
Brancos são 43,5% da população brasileira, e 29,5% dos sem esgoto adequado
Pretos são 10,2% da população brasileira, e 10,4% dos sem esgoto adequado
Indígenas são 0,8% da população brasileira, e 1,7% dos sem esgoto adequado
Amarelos são 0,4% da população brasileira, e 0,1% dos sem esgoto adequado
São considerados descarte adequado o esgoto que via para as redes públicas de coleta (geral ou pluvial) ou para fossas sépticas ou com filtro, ainda que depois de passar por esses equipamentos não sejam destinados para essas redes.
As outras formas – uso de fossa rudimentar ou buraco, descarte direto em rios ou no mar, por exemplo, são consideradas inadequadas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico.
Veja dados sobre:
Acesso à água
Banheiros
Coleta de lixo
E entenda como é a distribuição pelos dados abaixo:
Tipos de esgoto nos domicílios em 2022.
Luisa Rivas/g1
Nas últimas duas décadas, a fatia da população sem coleta de esgoto adequado caiu. Em 2010, eram 36% e em 2000, 41%.
🚿Acesso à água
A falta de um abastecimento adequado de água atingia 6,2 milhões de brasileiros em 2022.
Assim como acontece com o descarte de esgoto, há diferença entre os diferentes grupos raciais. Pretos e pardos representam 72% da população sem acesso adequado a água. Brancos, 24%.
Em 2022, eram considerados abastecimento adequado o acesso por rede de distribuição (82,9%), poço poço profundo ou artesiano (9%), poço raso, freático ou cacimba (3,2%) e fonte, nascente ou mina: (1,9%).
Os inadequados são carro-pipa (1%), rios, açudes, córregos e igarapés (0,9%), água de chuva armazenada (0,5%) ou outras formas de abastecimento (0,6%).
A dependência de carro-pipa ou água da chuva está concentrada no Nordeste, enquanto a de rios, açudes, córregos e igarapés, na Norte.
Como os critérios mudaram, não é possível comparar exatamente como evoluiu o acesso adequado a água entre 2010 e 2022. Mas, a proporção de moradores com água encanada em casa – independentemente se vem da rede ou de um poço artesiano, por exemplo – subiu de 89,3% para 95,1%.
Outra informação relativa ao abastecimento de água foi a forma como a água chega até o domicílio. Para domicílios onde vivem 192,3 milhões de pessoas, representando 95,1% da população, a água chegava encanada até dentro da residência – ou seja, diretamente em torneiras, chuveiros e vasos sanitários.
Já para 2,5% da população, a água chegava encanada, mas apenas até o terreno. Para outros 2,4%, a água não chegava encanada – ou seja, precisava ser transportada em baldes, galões, veículos ou outros recipientes.
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🚽 Banheiros
Segundo o IBGE, 1,2 milhão de pessoas (0,6% da população) moram em residências sem nenhum banheiro (cômodo com vaso sanitário e lugar para tomar banho).
Em 2022, em 71,1 milhões de domicílios, onde residiam 197,5 milhões de pessoas (97,8% da população brasileira), existiam ao menos um banheiro de uso exclusivo.
A segunda situação é a utilização de banheiros compartilhados entre mais de um domicílio. Essa situação ocorre, por exemplo, quando um terreno tem dois ou mais domicílios que compartilham o mesmo banheiro. Em 2022, 0,5% da população residia em domicílios nessa situação.
A terceira situação é a utilização de sanitários ou buracos para dejeções, compartilhados ou não. Enquadram-se nessa situação os domicílios que não possuem banheiros, mas fazem uso de alguma instalação sanitária mais simples. Em 2022, a proporção da população nessa situação foi de 1,2%.
A desigualdade de renda existente no Brasil também pode ser sentida na diferença entre o número de banheiros em cada domicílio. Enquanto 5,4 milhões de brasileiros moram em lares com mais de quatro banheiros, 3,5 milhões não têm banheiro nem sanitário ou possuem apenas um buraco para dejeções.
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Coleta de lixo
No total, o percentual geral de pessoas morando em residências com coleta de lixo subiu de 85,8% para 90,9% entre 2010 e 2022, no país. Mas também persistem desigualdades regionais.
Na Região Norte, a proporção da população atendida pela coleta de lixo domiciliar em 2022 foi de 78,5%. Já na Região Sudeste, o percentual obtido foi de 96,9%. Em situações intermediárias encontravam-se as Regiões Nordeste (82,4%), Centro-Oeste (93,1%) e Sul (95,3%).
O Maranhão foi o estado que mais ampliou a coleta de lixo na última década, passando de 53,5% para 69,8%. Apesar do avanço, ainda tem a pior proporção nacional de cobertura na coleta de resíduos sólidos do país, seguido de Piauí (73,4%) e Acre (75,9%).
Os dados de 2022 dos três estados mencionados acima ainda são inferiores ao que os três estados com melhor colocação no ranking (São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro) haviam apresentado em 2010.
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E
A proporção de pessoas que moram em apartamentos vem crescendo nas últimas décadas. Em 2000, o índice estava em 7,6%, passando para 8,5% em 2010, até chegar a 12,5% em 2022.
A grande maioria da população, no entanto, ainda vive em casas: 84,8%. Enquanto o Piauí tem a maior proporção de pessoas em casas (95,6%), o Distrito Federal lidera em apartamentos (28,7%).
Dos mais de 5 mil municípios do país, só três fogem à regra nacional e têm apartamentos como forma predominante de habitação da população:
Santos (SP): 63,45%
São Caetano do Sul (SP): 57,22%
Balneário Camboriú (SC): 50,77%
A maior proporção de ocorrência dos domicílios do tipo “casa de vila ou em condomínio” foi registrada no Rio de Janeiro (5,9%).

Outros dados do Censo 2022
As informações do Censo 2022 começaram a ser divulgadas em junho de 2023. Desde então, foi possível saber que:
O Brasil tem 203 milhões de habitantes, número menor do que era estimado pelas projeções iniciais;
O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso. Há cerca de 104,5 milhões de mulheres, 51,5% do total de brasileiros;
1,3 milhão de pessoas se identificam como quilombolas (0,65% do total) – foi a primeira vez na História em que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar esse grupo;
O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010. Isso pode ser explicado pela mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa para os povos indígenas, que permitiu identificar mais pessoas;
Pela primeira vez, os brasileiros se declararam mais pardos que brancos, e a população preta cresceu.
Também pela primeira vez, o instituto mapeou todas as coordenadas geográficas e os tipos de edificações que compõem os 111 milhões de endereços do país, e constatou que o Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos.
Após 50 anos, o termo favela voltou a ser usado no Censo.




Fonte: G1

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